quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

E o futuro é já amanhã!

Por Raquel Silva
Aluna do 11ºC1 Línguas e Humanidades
Na Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia - Tavira

"Não encontro melhor maneira para descrever Portugal do que citar Kant:«Este país é uma ilha que a natureza encerra dentro de limites imutáveis. É o país da verdade (palavra sedutora) rodeado de um oceano vasto e tempestuoso, verdadeiro império da aparência, onde muitos nevoeiros espessos, bancos de gelo a ponto de se fundirem, oferecem o enganador aspecto de novas terras, atraem sem cessar o navegante que sonha com descobertas mediante vãs esperanças, e o convidam para aventuras às quais é incapaz de se recusar e que no entanto não pode nunca levar a cabo». É verdade que estas palavras foram ditas para definir o conhecimento e não o nosso país, mas ouso dizer que se encaixam perfeitamente no contexto.

Passo a explicar: a situação actual, caracterizada por uma debilidade no desenvolvimento humano (crise de valores ético/morais), representada por um esbatimento entre as fronteiras entre o bem e o mal, e por uma debilidade financeira, de causas diversas e provocadora de inúmeros problemas, traduz nada mais nada menos do que o carácter consumista e individualista dos portugueses actuais. E digo do portugueses em geral e não apenas dos governantes portugueses, porque acredito piamente que eles não nos guiaram até ao precípicio sozinhos. Deram-nos diversos empurrões, geriram muito mal o nosso país, exploraram-no e exploraram-nos, se calhar até nos ofereceram uns patins, é verdade, mas nós é que os calcámos, fomos nós que permitimos que isto acontecesse. Não reduzimos as despesas supérfluas que, tenho a certeza, todos gastámos; não trocámos os BMW's por carros em segunda ou terceira mão; não desistimos de ir jantar fora, embora um jantar caseiro com a família seja igualmente agradável. Em resumo, não poupámos, e não o fizemos também nos votos, porque continuámos a votar em líderes políticos que já nos tinham ido ao bolso. Regemos as nossas vidas segundo um padrão económico que nunca nos assistiu, porque nós, portugueses, sempre tivemos um bocadinho a mania das grandezas, andámos cegos com a nossa verdade, inebriados com o que os mass media se fartam de transmitir (uma panóplia de figuras famosas, já que tudo se baseia na aparência), porque, afinal de contas, até temos, ou tínhamos, um país suficientemente atractivo para chamar turistas, que todos os anos costumam encher as nossas cidades, e se os ingleses e os alemães, que têm países superiores ao nosso, pelo menos, em termos económicos, gostam disto cá, então, pensaram todos, que isto não estava assim tão mal. Foi isto que aconteceu: andámos, não sei quantos anos, a viver iludidos e, agora que demos (mais) um passo em falso, acordámos.
Supostamente, vivemos num mundo onde cada um tem um determinado papel e, em que todos temos ou deveríamos ter os mesmos direitos ou deveres, que devem ser assegurados e impostos, respectivamente, pelo Estado. Só que ainda não tínhamos percebido. Ou, pelo menos, alguns de nós ainda não tinham percebido. Há sempre indíviduos sem o sentido do dever (consciência moral) e sem sensibilidade e responsabilidade para com a colectividade. Por isso, vamos começar a trabalhar unicamente para pagar impostos. E vamos fazê-lo numa sociedade altamente competitiva, onde vão acabar os falicitismos de outrora. Não nos vão dar abébias, nem em termos económicos nem em termos educacionais. Sim, porque há doutores às paletes! E por alguma razão é, já que todos sabemos que metade desses doutores 'não sabem ler nem escrever'. Portanto, a partir de agora, só se vão formar aqueles que têm dinheiro, isto é, se continuar a haver gente com dinheiro, e aqueles que têm mérito e que, por isso, merecem bolsas de estudo, isto é, se continuar a haver dinheiro para bolsas de estudo. Por isso, é que, na minha opinião (que vale tanto como qualquer outra), não há futuro para os jovens em Portugal. Não há nem vai haver, pelo menos, enquanto não perceberem que esta é a realidade, uma realidade pela qual os portugueses de há ciquenta anos atrás já passaram e ultrapassaram, e pela qual de uma maneira ou de outra também teremos que passar e ultrapassar.
Se os jovens portugueses tomarem consciência do seu passado e do seu presente e os aceitarem, sem terem necessidade de culpar alguém a não ser os portugueses em geral, incluindo eles próprios porque não é passando a batata qunte que os problemas se resolvem, então terão futuro. Se o jovens portugueses perceberem que a vida não nos é dade de bandeja, que todos temos altos e baixos e que, felizmente, nada é constante, então terão futuro. Se os jovens portugueses perceberem que têm de arregaçar as mangas, pararem de se queixar para passarem a agir, sem medo nem vergonha de terem que trabalhar em supermercados e de deixarem de sair à noite, entre outras regalias, então terão futuro. Se os jovens portugueses arranjarem princípios e objectivos comuns, juntando-se para os atingirem, então terão futuro. 
Há um ditado que diz  que "a necessidade é a mãe do engenho". Necessidades não nos faltam. Quando tudo começar a apertar, não acredito que continuemos sentados (eu recuso-me a ficar sentada!). Consequentemente, as soluções hão-de surgir. E o futuro é já amanhã!."

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